Grafia Braille / Bibliografia de Louis Braille

Louis Braille, Filho de Simon-René Braille, nasceu no dia quatro de janeiro de 1809 no pequeno povoado de Coupvray.
 

Seu pai era seleiro e fabricante de arreios daquele povoado.
 

            Não se sabe ao certo quando o jovem ficou cego, mas se acredita que foi em meados do ano de 1812 quando Simon-René descuidara-se de sua oficina para atender um cliente, deixando, próximo a vários instrumentos pontiagudos, o jovem Louis só.
 

            O garoto, em um momento de ingenuidade, perfura um dos olhos com uma sovela. Seus pais desesperados procuram estancar a hemorragia utilizando água fresca e linho branco, mas, por não saberem como ocorria a transmissão de infecções, essa tentativa rude acabou transmitindo a infecção do olho ferido para o olho bom do garoto, deixando-o completamente cego.

            Três anos após o acidente de Louis, chega ao povoado um novo pároco, Jacques Palluy.

Palluy afeiçoa-se ao pequeno e passa a ensinar-lhe muitas coisas que, naquela época, ninguém se preocupava a ensinar a um garoto cego.
 

            Por influência de seu pai e do pároco, Louis é matriculado na escola do povoado e, para surpresa de todos, mostra-se um aluno exemplar, conseguindo aprender somente ouvindo as lições do professor. Seu pai, para ajudá-lo, muitas vezes cortava tiras de couro no formato de letras ou ainda utilizava pregos para fazê-las em pedaços de madeira, auxiliando-o assim em sua alfabetização.
 

            Acredita-se que a família de Louis tomou conhecimento sobre a Escola Especial Para cegos em Paris por meio do professor Bécheret, que recordara ter lido, em um artigo de jornal, algo sobre a existência do local.
 

            Graças a ajuda de pessoas importantes como o marquês de Orvillier e o pároco Palluy, a família de Louis aproximou-se de Valentin Haüy, fundador da escola para Cegos de Paris e que ajudou o jovem a obter uma bolsa de estudos para freqüentar essa instituição. No dia 15 de fevereiro de 1819, Louis chega à sua nova escola.
 

            Durante a viagem a Paris, Louis demonstrou-se ansioso e seu pai, um pouco inseguro, pois, pela primeira vez, o jovem ficaria longe de casa. Entretanto, mesmo com esse sentimento de preocupação, Simón-rené estava feliz, pois, na escola de Valentin Haüy, seu filho aprofundaria seus conhecimentos, desenvolvendo-se cada vez mais, e poderia ainda ter uma profissão, já que a escola também ensinava aos alunos várias atividades extracurriculares. Dessa forma, Louis tornara-se aluno da Instituição Real de Cegos de Paris.
 

            Charles Barbier, capitão da artilharia do exército do rei Luís XVIII, desenvolvera um sistema de escrita baseado em linhas e pontos com o objetivo de passar, num campo de batalha, informações codificadas de forma que os soldados não necessitassem de luz para lê-las. A essa invenção, Barbier batizou de Escrita Nocturna.

            O capitão, após assistir a uma apresentação de leitura e escrita de meninos cegos, estudantes da escola de Valentin Haüy, realizada no Museu da Indústria de Paris, ficara-se pasmado com a lentidão da leitura e do traçado das letras em relevo que era efetuado pelos jovens cegos e, em virtude disso, decide adaptar seu sistema de escrita em relevo para servir às pessoas cegas.
 

            Tendo efetuado as alterações, Barbier rebatizou sua invenção, dando-lhe o nome de Sonografia e apresentou-a aos dirigentes da instituição.
 

            Após algumas discussões, ficou decidido que o sistema seria apresentado aos alunos, cabendo a eles decidirem se a nova escrita seria ou não adotada pela escola.
 

            A princípio, os estudantes, após algumas aulas de apresentação do novo sistema, ficaram entusiasmados com ele, pois era muito mais fácil ler letras traçadas por pontos do que traçar e ler letras em relevo. Mas, pelo sistema de Barbier reproduzir o som dos fonemas e por haver inúmeras combinações para se memorizar, ele foi deixado de lado.
 

            Entre os alunos, Louis foi quem mais se interessou pela escrita baseada em pontos, decidindo trabalhar sobre o sistema de Barbier, simplificando-o e transformando-o em um sistema capaz de reproduzir as letras do alfabeto, as pontuações, os sinais matemáticos e até mesmo notações musicais.
 

            Não se sabe exatamente a data de criação do sistema Braille, mas estima-se que tenha sido por volta de 1825 e 1826 quando Louis tinha entre 15 e 16 anos. A única informação concreta que temos é que, em 1829, Louis Braille publicou um artigo falando sobre sua invenção a qual chamava de Pequena Escrita.
 

            No ano de 1826, Braille, estando com apenas 17 anos, começa a ensinar álgebra, geografia e gramática aos alunos mais jovens, o que transformou o jovem Louis em um exímio professor para os cegos.

Braille, em 1828, estando com apenas 19 anos, torna-se oficialmente professor da escola, assumindo, após as férias de verão, as aulas de gramática, geografia, aritmética e música.

 

            Durante o início da década de 30, Louis esteve muitas vezes enfermo e, por volta de 1835, após acordar com febre e vomitando sangue, constatou-se que ele sofria de tuberculose.
 

            Braille foi mandado para sua casa, que ficava próxima as montanhas e possuía muito ar fresco, afim de recuperar-se e, em 1843, já revigorado, retorna a Paris, assumindo seu posto de professor.
 

            Em 1850, já debilitado pela doença, Louis deixa definitivamente as aulas e, após dois anos, no dia 06 de janeiro de 1852, estando apenas com 43 anos, vem a falecer.
 

            Somente três décadas após sua morte, ele seria reconhecido pelo mundo como o notável benfeitor dos cegos, o homem cujo trabalho deu às pessoas com cegueira a possibilidade de lerem, escreverem e ingressarem, de forma direta, ao mundo acadêmico.

 

Formação do sistema Braille

 

O Braille é formado por seis pontos estando dispostos três na vertical e dois na horizontal, formando um retângulo que cabe perfeitamente sob um dos dedos.
 

Esses seis pontos possibilitam a formação de 63 símbolos diferentes, os quais são utilizados para formar as letras dos vários alfabetos, os números, as pontuações e todo código de sinais existentes na área de exatas.
 

            Existe, no sistema Braille, alguns sinais que são representados por mais duma combinação de selas, o que aumenta várias vezes a capacidade de se criar sinais com eles. Portanto o Braille, mesmo com as novas tecnologias, continua e continuará sendo uma ferramenta indispensável para a inserção dos cegos na sociedade e no mundo acadêmico.

 

Prof. Valdecir Kuhl

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